quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Respeitando os limites de aprendizagem de cada aluno




Cada criança possui seu próprio ritmo de aprendizagem.
Todo criança apresenta um ritmo único no processo de evolução. Cada pessoa tem uma história particular e única, formada por sua estrutura biológica, psicológica, social e cultural. Esse fato ocorre tanto no ambiente familiar quanto no escolar.
Da mesma forma que uma criança engatinha, fala, anda etc. precocemente ou tardiamente em relação uma das outras, no processo de aprendizagem ocorre o mesmo com o aluno.
Partindo desse pressuposto eis uma questão a refletir: Enquanto educador, qual seria o melhor caminho a seguir, para que esteja preparado para respeitar o ritmo da cada aluno e saber lidar com essa indiferença?
Ao se tratar de educação não existe receita pronta. Mas isto não significa que não existem caminhos que possam ser seguidos, de maneira que venha a contribuir para atuar em situações, em especial com o ritmo de aprendizado de cada indivíduo, independente da faixa etária.
Sugere-se como ponto de partida, a elaboração de um projeto de ensino que estabeleça como objetivo, atender todos os alunos, independente da capacidade que eles venham a apresentar. Ou seja, alunos lentos ou rápidos, alunos que tendem mais para o lado competitivo ou colaborativo, alunos oriundos de famílias estruturadas, desestruturadas, que apresentem necessidades especiais, entre outros.
Considerando a escola um ambiente em que todos devem ser tratados com igualdade, o ideal é que os alunos tenham as mesmas oportunidades, porém, essas podem ser aplicadas de forma diferenciada, dependendo do ritmo de cada um. O educador deve se conscientizar que o aluno é formado através das experiências que são vivenciadas por toda sua vida. O desenvolvimento do aluno tem uma forte ligação com o ambiente em que vive, sua relação cultural e principalmente a maneira como a família se relaciona com ele.
É fundamental ao professor o respeito ao ritmo de aprendizagem de cada aluno, sendo extremamente necessário buscar estratégias que venham melhorar o desempenho daqueles que apresentam evolução mais lenta.
Ao trabalhar com uma turma composta por alunos que possuem diferentes ritmos de aprendizagem, professores que passaram por essa vivência tiveram resultados positivos a partir do instante que começaram a aplicar diversas atividades, de conteúdos diferentes ou iguais, na mesma turma, respeitando o tempo de cada criança.
Recomenda-se também a mudança da rotina diária, colocando os alunos para trabalharem em forma de grupo, dupla, individual, ambientes e atividades diferenciadas como laboratórios, teatros, quadra, jogos didáticos, dança, música, etc., variando conforme a necessidade, tornando a aula diferente e prazerosa. Vale ressaltar que a criatividade do professor é um dos pontos chaves para lidar com esse tipo de situação.

Contos de fadas


Trabalhar com contos de fadas nas escolas é uma atividade prazerosa para todos os envolvidos no processo educativo, pois é um tema de grande aceitação entre as crianças, que desperta interesse, envolvimento e participação dos mesmos.
O professor, antes de iniciar seu trabalho, deve desenvolver um projeto por escrito, em referência ao mesmo, citando a justificativa, os objetivos de se desenvolver o projeto, quais os recursos didáticos que disponibilizará para a realização do mesmo, a metodologia das aulas, dentre outros, buscando discutir com os alunos quais seus interesses diante do mesmo.
O importante de se desenvolver esse projeto é que, através dele o professor consegue trabalhar alguns conflitos do dia-a-dia dos alunos, bem como buscar as soluções para os mesmos, procurando encontrar respostas para aquilo que não está bem.
À medida que as histórias vão sendo trabalhadas, as crianças podem se identificar com os personagens e transferirem todos os seus conflitos para aqueles vividos na história. A criança se envolve tanto que passa a viver como se fosse um dos personagens.
Os assuntos abordados nos contos de fada muitas vezes tornam-se reais, como os medos que fazem parte de nossa vida.
Dentre esses, os que mais vemos nas crianças são medo de escuro, de animais, dos pais não buscarem na escola, etc. Porém, um dos medos mais difíceis de trabalhar nas escolas é o medo do Lobo Mau. Na verdade, a intenção das histórias, como a Chapeuzinho Vermelho, não é de assustar as crianças, mas de mostrar para as mesmas que não devemos falar com pessoas estranhas, que não podemos confiar em qualquer um.
A interação de personagens de várias histórias
O amor é outro importante tema dos contos de fadas, sempre aparecendo com um príncipe encantado e a princesa, que se casam ao final da história.
Esses sentimentos fazem parte da vida de qualquer ser humano e é bom que as crianças aprendam a lidar com eles o quanto antes.
Nas aulas as crianças vão percebendo que seus medos vão sendo amenizados à medida que a professora as faz refletir sobre os mesmos, que as suas relações sociais vão ficando menos conflitantes, devido a momentos de discussão dos combinados da turma, como regras de boa convivência que devem respeitar. Já o amor, este vai surgindo através do respeito ao próximo, das atitudes menos egoístas e de carinho. Assim, a criança vai percebendo que a amizade é uma importante conquista para seu dia-a-dia.
Os contos de fadas ensinam também as crianças a enfrentarem sentimentos de perda e angústia. Através deles as crianças percebem que tudo de ruim que pode acontecer na vida de uma pessoa pode passar, pois sempre há uma fada para ajudar a resolver os problemas, como as mães, avós, tias ou mesmo as professoras.
Enquanto divertem as crianças, os contos trabalham o lado emocional das mesmas, favorecendo o desenvolvimento de suas personalidades, pois tratam vários problemas de forma prazerosa e aceitável. Cultivam a esperança, o sonhar e nos mostram que sempre há esperança para os finais felizes.
E é importante ressaltar ainda que, para as crianças acostumadas a ouvir histórias e estimuladas a ter sempre contato com as mesmas, a leitura se fará constante na vida delas.

Berçário – o que trabalhar?


Berçário – o que trabalhar?





Em classes de berçário, onde estão crianças de uma faixa etária bem pequena – de 4 meses a 1 ano e meio, é comum que estes fiquem em tatames, sem um trabalho mais específico, voltado para o aprendizado sistemático.
É errado pensar que não existem formas de trabalhar com esses pequenos ou que eles devem apenas ficar num espaço com brinquedos dispostos para distraí-los.
Devemos considerar que o brincar é a atividade mais importante para o desenvolvimento infantil, mas desde que estes tenham contato direto com materiais que favoreçam o reconhecimento das diferentes sensações, cores, formas, além de conviverem com outras crianças, ampliando seu contato social com pessoas e com o mundo que a cerca.
Existe uma boa quantidade de materiais, objetos que podem ser explorados nas salas de berçário.
Podemos classificá-los de acordo com as necessidades das crianças ou de suas primeiras aprendizagens, como diferentes texturas, cores, formas, sons, tamanhos, dentre vários outros.
As professoras, juntamente com as auxiliares de sala, podem montar caixas de materiais a serem explorados pelas crianças.
A diversidade dos materiais varia de acordo com os interesses das professoras
Para as texturas podem juntar pedaços de lixa, tecidos, algodão em bolinhas, buchas que contenham duas faces – uma áspera e outra lisa, massinha caseira, novelos de lã, etc.
Os tamanhos podem ser trabalhados com potes, latas, garrafas PET, argolas de plástico, almofadas pequenas e grandes, bolas de diversos tamanhos, blocos do tipo lego, carrinhos de diversos tamanhos, bonecas variadas e muitos outros.
Para se trabalhar cores é importante que os materiais apareçam também nas mais variadas delas, para que os alunos tenham contato com a diversidade das mesmas. Porém, nessa faixa etária o principal é trabalhar com as cores primárias – vermelho, azul e amarelo. Potes e embalagens de produtos alimentícios, como os sorvetes, são próprios para esses momentos. Os produtos de higiene e limpeza também possuem uma coloração mais forte, facilitando o trabalho e o possível entendimento das crianças.
Alguns instrumentos musicais são adequados, pois além de trabalhar os diferentes sons, incentivam a concentração dos pequenos. Chocalhos, pandeiros, tambores, podem ser feitos com materiais reciclados, diminuindo ainda os custos da instituição. Alguns apitos fazem sons de passarinhos e distraem bastante os alunos.
É importante que os materiais sejam dispostos pela sala, mas de forma classificada, onde cada dia se trabalha com um conceito, até mesmo para que as crianças tenham, a cada dia, acesso a um material diferente.
Além de deixar as crianças manuseá-los, as professoras devem mostrar as diferenças existentes entre os mesmos. Dessa forma, os conteúdos de educação infantil tornam-se adequados para um bom trabalho com bebês.

adaptação escolar slides





































A aprendizagem da leitura e da escrita

A aprendizagem da leitura e da escrita

Vários autores, estudiosos do processo de aquisição da leitura e da escrita, concordam que ele se inicia muito antes do que geralmente se imagina, quando a criança, mesmo sem frequentar a escola, começa a tomar contato com materiais escritos, em casa, na rua, ou em qualquer lugar onde se encontre.Entre esses pesquisadores, uma autora argentina e também psicopedagoga chamada Emília Ferreiro contribuiu bastante para o entendimento de como ocorre o processo de aprendizagem da linguagem escrita. Segundo afirma, a criança pensa sobre a escrita, formulando hipóteses sobre ela, como maneira de compreender o que significa.
Essas hipóteses acontecem em todas as crianças e vão evoluindo desde a fase pré-silábica, na qual ainda não há intenção de representar através da escrita os aspectos sonoros da fala, até chegar ao padrão alfabético, que é aquele no qual a criança associa sons falados a letras escritas.Dessa forma, quando a criança faz traços contínuos no papel e atribui-lhes significado (como, por exemplo, quando escreve “hjfgdklgjhergrqilurgsd” e lê O menino caiu), ela está escrevendo, ou seja, está fazendo uma atividade investigativa sobre a escrita, que será importante para que ela possa evoluir gradativamente em sua aprendizagem. Por isso, essas tentativas da criança não devem ser motivos de chacota, ao contrário, devem ser incentivadas e reforçadas.
Estímulo à aprendizagem
Durante a aprendizagem da escrita, a criança passa por várias fases até chegar à hipótese alfabética, na qual realiza uma análise sonora da palavra que vai escrever, fazendo corresponder a cada som de fala um caráter escrito. A produção escrita da criança torna-se legível para o adulto, embora não haja ainda o domínio das regras de ortografia, o que ocorre posteriormente, de forma gradativa. Também esse processo deve ser estimulado, através da apresentação de materiais escritos na escola e no ambiente familiar, já que trata-se de uma aquisição cultural, ou seja, que não ocorre apenas internamente na criança.
Nessa fase de escrita alfabética, as crianças podem escrever palavras como, por exemplo, “dinosauro” (dinossauro), “tatussinho” (tatuzinho) e “jacare” (jacaré). É necessário que estejam em contato com vários materiais escritos, através dos quais possam perceber as diferenças no padrão de escrita do idioma e compará-los com sua maneira de escrever para que adquiram a escrita ortográfica.
É importante ressaltar que podem ocorrer diferenças individuais quanto à idade em que as crianças passam por cada fase de evolução da escrita. Essas diferenças têm a ver também com o maior ou menor interesse e estimulação (principalmente da família) em relação à oferta de material significativo de leitura e escrita.Contudo, é desejável que os pais observem a evolução de todo esse processo e estejam atentos a dificuldades específicas, que podem necessitar de ajuda profissional, principalmente quando a criança está em uma fase inicial do processo e a requisição escolar é de uma fase mais adiantada. Nesses casos é necessário diagnosticar os fatores que podem estar interferindo para, então, fazer com que a criança evolua e acompanhe o que é pedido para seu nível de escolaridade.
Como já foi citado, é importante que a criança possa ter acesso ao material escrito para que construa o conhecimento da linguagem escrita.
Leitura com prazer
A leitura, parte desse processo, também desenvolve-se de forma gradual, é um hábito a ser adquirido e deve ser fonte de prazer e não apresentada de forma obrigatória através de imposição ou cercada de castigos e ameaças.
Sua apresentação deve ocorrer o mais cedo possível na vida da criança, já no ambiente doméstico, através da família e dos pais. Estes são os primeiros incentivadores, promovendo a aproximação com a linguagem desde o momento em que cantam para os bebês, brincam com eles usando histórias, adivinhações, rimas e expressões folclóricas, ou folheiam livros e revistas buscando figuras conhecidas e perguntando sobre seus nomes.
A leitura reflete-se de forma significativa na escrita da criança (e do adulto também), na medida em que, ao ler, memorizamos as correspondências ortografia-som sem memorizar regras, e apreendemos também as exceções das mesmas, além de ampliarmos o vocabulário e o conhecimento das estruturas de diferentes textos, o que aumenta o repertório e reflete-se em uma escrita melhor.
Isso explica as diferenças quanto à apropriação da ortografia (saber, por exemplo, que a palavra “onça” deve ser escrita com “ç”, apesar do som de fala ser “s”). Escrever respeitando os padrões da língua é um processo gradual, mas depende muito da estimulação que a criança recebe quanto ao uso significativo (para ela) de material escrito.
Os adultos que participam da vida da criança têm papel fundamental no aprendizado da leitura e escrita. Por isso é importante que sejam modelos de leitura, que leiam freqüentemente para a criança e que introduzam a leitura em sua vida o mais cedo possível. Afinal, ler é um hábito a ser desenvolvido e, como todos os hábitos, só se instala se for realizado muitas vezes.
É fundamental entender que essa aprendizagem é gradativa, que devem ser respeitadas diferenças individuais e não se deve punir e criticar a criança por ela não estar lendo ou escrevendo como outra da mesma idade. Isso poderia atrapalhar o seu desenvolvimento, gerando nela sentimentos de insegurança e incapacidade.
Ao contrário, deve-se compreender que, quanto mais à criança associar a leitura e a escrita com atividades úteis e que lhe dêem prazer, maior será o seu desejo de aproximar-se delas, maior facilidade ela terá de aprendizado (afinal, aprende-se a ler e escrever lendo e escrevendo) e maiores chances ela terá de levar a leitura e a escrita como aliadas para toda a vida.

Família e escola

Família e escolaParcerias para um novo aprender



Maria Irene Maluf, Pedagoga, Especialista em Educação Especial e Psicopedagogia Conselheira Vitalícia da Associação Brasileira de Psicopedagogia Editora da revista Psicopedagogia da ABPPNuma sociedade em constante transformação e eterna ebulição de acontecimentos, descobertas e regras, subentende-se a necessidade premente da escola e da família fazerem novas parcerias. Isso inclui fortalecimento, mudanças e criação de alguns novos papéis, para atender ao perfil da criança e do cidadão que se quer formar no século XXI. As mudanças hoje se dão de forma tão rápida, que é freqüente haver certa confusão, até muito compreensível, entre os papéis das diferentes instituições sociais. A cada dia, multiplicam-se os casos em que tais responsabilidades se embaralham e geram mais distúrbios do que clareiam os problemas. Mas as reflexões não devem parar por aqui, no papel: é preciso pensar nas soluções.Desde questões como a aprendizagem escolar, até a formação de valores, atualmente tudo na educação dos jovens passa pela família e pela escola. Primeiro porque a vida atual faz com que a família leve cedo as crianças aos berçários, creches e pré-escolas. Segundo, porque o objetivo do ensino ampliou-se. Hoje, não basta estudar para ter uma profissão, mas é preciso que as pessoas tornem-se verdadeiramente autônomas para aprender de forma continuada, a fim de se tornarem profissionais bem-sucedidos e cidadãos responsáveis. Essas questões, muito ambiciosas, mas necessárias de serem tratadas, não prescindem de acordos tácitos e muito claros entre educadores e familiares. E complementando, significa que desde o princípio, quando estreamos no papel de pais, devemos ter em mente ações, exemplos diários que transmitam hábitos, regras e valores à criança, o que tem relevância enorme, já que aos seis ou sete anos nossos filhos já passaram da fase de anomia, para o estágio da heteronomia (dos sete aos doze anos) e seguem em direção à autonomia, segundo Jean Piaget*.Por anomia, entende-se total falta de regras (a= não; nomos= regra em grego). Por heteronomia, entende-se um estado em que a criança já percebe a existência de muitas regras, mas onde quem decide o que ela deve ou não fazer são os outros, em geral pais e educadores, donos da "verdade absoluta". O próprio Piaget considerava que o respeito às regras exerce papel fundamental no desenvolvimento da moralidade, honestidade, valores pessoais e sociais. E um caminho seguro para isso é sempre usarmos como princípio no dia-a-dia o "faça o que eu faço "... A escolha da escola é também, por essa questão, uma seleção difícil e delicada que deve ser repensada e reavaliada ao longo dos anos. Pois educar hoje é uma parceria, um processo que começa em casa, mas continua logo em seguida, conjuntamente com a escola, onde as crianças passam boa parte de seu dia. A responsabilidade do colégio, em conhecer as regras valorizadas pela família na educação do seu aluno, é tão grande quanto à dos pais em se informar quais são os princípios educacionais da instituição onde querem matricular os filhos.É bom relembrar que o sucesso ou insucesso na aprendizagem não depende somente do trabalho dos professores: começa em casa, quando fazemos questão que nossos filhos conheçam e sigam regras, normas, ordens, rotinas, adquiram responsabilidades, valores e respeito pelas coisas, obrigações em relação a si e também ao próximo.A aquisição de conhecimentos que a escola fornece por meio de seus professores é de importância indiscutível, mas para que esta seja amalgamada à criança deve vir permeada de atitudes, valores e hábitos que levam ao verdadeiro êxito educacional: a aquisição da autonomia construtiva, produtiva e sadia no aprender e no Ser.* Jean Piaget nasceu em Genebra, Suíça, em 1896. Estudou biologia, mas se dedicou à psicologia e à educação. Tornou-se reconhecido ao organizar o desenvolvimento cognitivo em fases, revolucionando as concepções a respeito da formação do conhecimento e da inteligência. Tornou-se epistemólogo genético ao investigar a natureza do conhecimento e seus estágios de desenvolvimento. Autor de mais de cem livros, entre eles - A construção do Real na Criança, O Desenvolvimento da Noção de Tempo na Criança, Da Lógica da Criança à Lógica do Adolescente e A Equilibração das Estruturas Cognitivas. Num de seus livros mais famosos, A Epistemologia Genética, defendeu que o crescimento humano se forma ao longo da vida, em etapas, por meio da assimilação de dados externos e referências próprias. Ele morreu em 1980.

Creches como escolher?


TIRANDO A DÚVIDA


Teoricamente, e dentro da legislação vigente, a creche é uma instituição prestadora de serviços à criança, na faixa etária de zero a 48 meses, com assistência de saúde, pedagógica, psicológica e nutricional, adequada aos seus diferentes níveis de desenvolvimento.
Atualmente a creche é uma necessidade da família moderna, com um pai e uma mãe que trabalham e estudam diariamente, horas a fio, e precisam ver seus filhos protegidos em um ambiente que propicie o desenvolvimento de suas potencialidades.
As linhas pedagógicas desenvolvidas dentro de uma creche podem ser as mais variadas possíveis. Contudo, precisam estar devidamente aprovadas por órgãos competentes.
Várias instituições realizam um trabalho educacional em que a criança possa interagir e, dessa forma, elaborar de maneira concreta e construtiva o seu conhecimento em atividades recreativas e educativas como culinária, higiene e saúde, passeios e festas sociais. É importante que a família participe sempre, direta e indiretamente, do processo educacional dos pequeninos.
A maioria das creches, hoje em dia, são instituições idôneas, aptas a auxiliar a criança em seu desenvolvimento físico e intelectual, sem substituir o papel da família no desenvolvimento afetivo da criança.
Para fazer uma boa escolha, é preciso observar alguns pontos fundamentais, como:
certificar-se se a creche é filiada à ASBREI - Associação Brasileira de Educação Infantil.
verificar se existem espaços distintos para os bebês menores e os maiores, e se os ambientes são devidamente seguros para que os bebês engatinhem ou andem com desenvoltura.
saber sobre os procedimentos adotados quando uma criança adoece e sobre o controle de vacinação empregado, refletindo se ele corresponde às expectativas desejadas.
observar rigorosamente a questão da higiene: condições da cozinha, banheiros separados para adultos etc.
checar se a creche conta com pediatra, psicólogo, nutricionista, recreadores e professores em quantidade suficiente.
descobrir se existem locais adequados para o repouso dos bebês, e para a recreação e alimentação dos mesmos. Área externa para banho de sol e contato com a natureza é outro fator importante a ser visto.

O primeiro dia da criança na escola

O primeiro dia da criança na escola

A preocupação com a educação dos filhos é uma constante na vida dos pais. Antes mesmo da chegada do bebê, eles já procuram proporcionar o melhor ambiente de convivência, pensando sempre no conforto e na qualidade de vida dos pimpolhos. Muitos chegam até mesmo a consultar as próprias crianças sobre qual é a escolinha que mais lhes agrada. A idéia de que os filhos devem estar à frente de todas as escolhas pode ser um indício de falta de imposição de limites por parte de alguns pais, que pensam que essa liberdade é saudável. “Deixar uma criança escolher, nessa faixa etária (pré-escola), algo tão importante é totalmente inadequado”, alerta a psicanalista infantil Vera Zimmermann. E como os pais devem enfrentar a tensão dos filhos no primeiro dia de aula? Para a psicanalista, a escolha correta da escolinha é essencial para minimizar os problemas desse dia tão importante na vida de uma criança.
O comportamento dos pais influencia muito a reação da criança ao primeiro dia de aula. Para que o pequeno aluno não fique inseguro ao colocar os pés no novo ambiente, os pais devem transmitir a segurança de que aquilo é o melhor para ele. Para a psicanalista, é muito importante que os pais procurem ter contato e obtenham confiança na professora que cuidará de seus filhos, porque ela “assume uma função materna”. A passagem do ambiente familiar para o social é difícil e problemas com a adaptação da criança à nova realidade são naturais. “É até esperado que eles apresentem problemas no início”, opina a psicanalista.
Para ela, a criança que não tenha uma reação, mostrando ao menos um pouco de medo e insegurança no início do convívio em um ambiente novo, pode estar apresentando falta de vínculo familiar ou mesmo falta de espaço para se expressar; ela pode estar sendo muito cobrada pelos pais, que exigem um primeiro dia de aula sem choro. No começo, essas crianças parecem ser as que menos estão sofrendo, porém a dificuldade aumenta com o tempo e a crise é muito maior posteriormente.
Para saber lidar melhor com esse período, quando geralmente a criança tem entre 2 e 3 anos e alcança sua “autonomia corporal”, estando pronta para a estréia escolar, Vera dá algumas dicas para os pais que querem ver seus pimpolhos felizes num ambiente confortável e saudável. A psicanalista avisa que é importante ter disponibilidade para passar algum tempo na escola na fase de adaptação da criança (geralmente uma semana). Convém para isso preparar o próprio ambiente de trabalho para as possíveis eventualidades, como atrasos ou faltas, na medida do possível. Outra dica é ficar de olho na atenção que a escola dá ao problema. “A escola que não respeita isso não é uma boa escola, o que já serve como critério para avaliá-la”.
Vera diz ainda que, quando a criança reage à saída da mãe com pânico mesmo depois de algumas semanas de aula, essa deve ser considerada uma adaptação difícil, mas que pode ser trabalhada com a direção da escola, junto aos pais ou mesmo com a ajuda de um profissional especializado. Enfim, todos os problemas podem ser resolvidos quando recebem a merecida atenção, principalmente dos pais, que devem estar sempre atentos ao comportamento de seus filhos.

UM TOQUE ESPECIAL

Adaptação escolar

O momento ideal para a criança ingressar numa escola é visível, as avós comentam, os vizinhos questionam e principalmente os pais percebem que só a companhia dos adultos já não satisfaz todas as necessidades de descobertas, do contato com outras crianças, a exigência de mais espaço, de brincadeiras novas. É quando o muro de casa se torna um limite evidente...
O início da vida escolar é um acontecimento significativo para toda a família, que terá dois grandes desafios pela frente: o ambiente desconhecido e a separação da mãe. Os pais podem e devem ajudar seus filhos neste momento tão importante.
A criança precisará ser preparada para começar a freqüentar a escola. Existem alguns cuidados básicos que facilitam o processo.
Visitar a escola, conhecer o espaço, se possível em época de aulas para ver as outras crianças brincando e interagindo entre elas e com as professoras, ajuda a formar a cena para sua imaginação.
O ingresso na escola não deve jamais coincidir com algum outro acontecimento importante na vida da criança, como uma mudança de casa ou cidade, uma doença grave, a separação dos pais, a morte de alguém próximo, ou mesmo o nascimento de um irmão. Nesses episódios ela necessita de um tempo de recuperação, adaptando-se primeiro à nova situação para depois adaptar-se à nova escola, é melhor esperar.
Quanto à escolha do período, é bom que se faça em função da criança. Se ela dorme até mais tarde, deveria ser matriculada no período da tarde. Se dorme depois do almoço, o período preferível é o da manhã. Para as mães que trabalham fora, o melhor é que o período coincida com o do trabalho.
De preferência, a separação deve se dar aos poucos. Existem escolas que permitem uma separação gradual, deixando a mãe ficar com o filho na sala de aula ou na escola, nas primeiras semanas. É importante que a mãe deixe claro que não o está abandonando e voltará para levá-lo para casa, fazendo o possível para buscá-lo na hora exata da saída, sendo honesta com a criança, despedindo-se dela quando for sair. Só assim ela poderá se concentrar nas atividades propostas, e deixar de olhar todo o tempo para porta para saber se sua mãe já desapareceu.
A possibilidade da separação materna dependerá muito da atitude emocional da mãe. Não é possível compreender os sentimentos de uma criança sem pensar nos sentimentos que envolvem os pais. O sentimento de uma mãe, que leva seu filho na escola no primeiro dia de aula, é muito similar àquele vivido pela criança.
A mãe que tem que deixar o seu filho para trabalhar, pode se sentir culpada por não estar com ele o tempo todo e acaba se achando a última dos mortais. Essa experiência é vivida com dor. Na verdade, qualquer separação causa dor mental. O fato é que somente através da falta da mãe, e da necessidade da criança sair em busca de suas necessidades, por seu próprio esforço, é que se dará seu desenvolvimento emocional. O sentimento de culpa é uma emoção natural deste momento, pois ao mesmo tempo que ter que separar-se pode parecer impossível, algumas vezes é um alívio.
Há uma grande ambivalência dos pais que por um lado desejam cuidar e proteger os filhos, e por outro também querem descansar e retomar suas vidas. Este sofrimento poderia ser menor se lembrassem que ser boa mãe ou bom pai não significa estar interagindo o dia inteiro com a criança. O que conta é a qualidade da relação quando estão perto. Uma mãe que se dispõe a refletir sobre suas emoções, sem medo, poderá ensinar seu filho a fazer o mesmo e repartir seus anseios, o que acabaria por unir ao invés de separar.
As crianças mais independentes muitas vezes são parte de uma família numerosa, ou filhos de pais que trabalham fora e que aprenderam a se organizar sozinhos, o que não garante que sua adaptação seja mais tranquila. É comum filhos únicos terem mais dificuldades, por estarem acostumados a ter todos os problemas solucionados pelos adultos, o que os torna despreparados para lidar com fortes emoções. A melhor maneira de ajudar a criança é deixá-la, sempre que possível, encontrar seu caminho para a independência.
A pré-escola é uma oportunidade que a criança tem de se desenvolver intelectual e emocionalmente, enfrentando as dificuldades sozinha, começando a lidar com outros adultos que não seus pais nem seus familiares. Por isso, ela deve sentir que o ambiente lhe oferece carinho, afeto e segurança, semelhante ao que sente em casa. Se a mãe constatar realmente um olhar triste na criança, que abarque todo o seu estado geral, deve falar novamente com a professora. Ela é uma pessoa fundamental na vida da criança e pode diminuir a importância da mãe, que deverá estimular seu filho quando ele estiver com medo, e mostrar-se o mais confiante possível. Evitar chacotas em torno dos temores infantis é algo que deve ser cumprido à risca. Tais temores desaparecerão por si só, quando a criança tiver experiência bastante para enfrentar as vicissitudes da vida.
Graças à educação em grupo, a criança desenvolve a receptividade e a sensibilidade ao mundo exterior; aprende a vencer a timidez e insegurança, a colaborar e trabalhar em equipe, aprende a trocar e emprestar brinquedos; a conviver com outras crianças, a defender-se, se comunicar e se expressar melhor.
O mundo da criança com sua família está apoiado em bases sólidas e confiáveis. Um mundo mais amplo a espera para acrescentar sua parte ao que ela já construiu como modelo de vida. A partir daí, os pais podem então observar seu filho tornar-se uma criança como qualquer outra. A coisa mais importante que existe terá sido conquistada: uma outra pessoa.

domingo, 13 de dezembro de 2009

EVOLUÇÃO DO DESENHO INFANTIL

ABORDAGEM DE G. H. LUQUET
O REALISMO
o melhor termo para caracterizar o desenho infantil no seu conjunto
por...
1. Motivos/ temas que trata
DESENHO= sistema de linhas cujo conjunto tem uma forma→2 finalidades diferentes:
- Proporcionar prazer pelo
aspecto visual
- Reproduzir objectos
reais
- “forma de beleza”
- “forma de vida”
- desenho geométrico
- desenho figurativo
• Estranho à criança≠ insensível • O papel principal do desenho é
representar qualquer coisa
NOTA: crianças que desenham excepcionalmente figuras geométricas
(em geral para imitarem) procuram imediatamente dar-lhes uma
interpretação figurativa, reproduzindo-os de ai para a frente com essa
significação
2. Intenção (é voluntariamente realista)
• Necessidade de
- dar aos objectos uma representação exacta
- reproduzir tudo o que impressionou a criança
TÉ CNI CA P EDAGÓGI CA Prof. . Ilda Martinez
2º Ano - Técnico Auxiliar de Infância
MÓD U LO 3 Expressão e Jogo
2
☺ A PREOCUPAÇÃO REALISTA DA CRIANÇA CONTENTA-SE COM
POUCO:
• consciência de ter procurado a semelhança → crença que a encontrou
• aptidão muito desenvolvida para descobrir nos seus desenhos semelhanças
extremamente longínquas e imperceptíveis aos outros
☺ no entanto pode estar descontente com o seu trabalho
↔ observação atenta da realidade
☺ TENDÊNCIAS OPOSTAS AO REALISMO:
• Esquematismo: simplificação do objecto representado que se traduz numa
redução do número de pormenores reproduzidos
􀂫 uma representação não exacta mas simbólica do objecto representado
􀂫 não se encontra no desenho infantil o esquematismo voluntário
• Idealismo: dar voluntariamente à representação caracteres estranhos ao objecto
representado
􀂫Desempenha no desenho infantil um papel muito insignificante
NOTAR BEM: a intenção realista é muitas vezes disfarçada pela
imperfeição da execução. O que nos interessa não é o resultado mas a
intenção expressamente enunciada pela criança
o desenho infantil não é “ réplica monótona de um tipo estereotipado”
individualizam as pessoas com o desenho de algo característico (os
gestos,....)
O DESENHO INFANTIL PASSA POR 4 FASES SUCESSIVAS: CADA UMA
DESSAS FASES É CARACTERIZADA POR UMA ESPÉCIE DETERMINADA DE
REALISMO
3
PRIMEIRA FASE: O REALISMO FORTUITO
FASE PRELIMINAR AO DESENHO PROPRIAMENTE
DITO (precede esta concepção de desenho)
DESENHO = um conjunto de traços cuja execução foi determinada e precedida
pela intenção de representar um objecto real (quer a semelhança procurada seja
ou não obtida).
É assim desde por volta dos 3 anos
1. o desenho é um traçado executado simplesmente para fazer linhas (≠ imagem)
• execução de movimentos da mão que estando munida de acessórios
variados deixa num suporte (folha,...) traços visíveis que não existiam antes
são o simples efeito do consumo espontâneo de uma superabundância de
energia neuromuscular
- tocar em tudo com os dedos sujos tem o mesmo efeito
• os traços produzidos involuntariamente são vistos pela criança que reconhece ser o
seu autor → produto da sua actividade/ manifestação da sua personalidade/ criação
a consciência disto
- aumenta a sua auto- estima
- dá-lhe um prazer que ela procura renovar→ recomeçando os seus desenhos
mais ainda....
2. é induzida pela imitação dos adultos (pais, outros importantes, ...) → “instinto da
imitação”
- imita para mostrar aos outros e a si que também é “capaz” como os outros,
que tem um poder criador que iguala o das pessoas importantes
simultaneamente
3. Ao observar algumas imagens em revistas, jornais, ... reconhece o que representam
• ao observar o adulto a desenhar verifica que possui o poder de executar, não só
uns traços quaisquer, mas desenhos propriamente ditos → “faculdade
gráfica”
Comentário [D1]: Intenção de
desenhar um objecto --------
execução de um conjunto de traços
com uma forma= desenho
Comentário [D2]: poder de
executar desenhos propriamente
ditos, não apenas traços -----o
desenho é precedido e provocado
pela intenção de representar essa
“qualquer coisa”
Comentário [D3]: alguns
adultos não a possuem, mesmo
pintores
4
• No entanto continua durante certo tempo a traçar simples linhas sem intenção
figurada (não lhes dá interpretação)
- A criança julga não possuir a faculdade gráfica (isso é só para as pessoas
importantes) e nem sequer tenta imitar o adulto, convencida de que
fracassará.
Mas um dia...
4. A criança nota uma certa analogia entre alguns dos seus traçados e o objecto real
- considera-os uma representação do objecto e enuncia a interpretação que lhe dá
- a 1ª vez que verifica que produz uma imagem tem uma grande alegria “anch’io
son pittore”
não perdura...
A criança é obrigada a reconhecer que só acidentalmente produz um
traçado que se assemelhe com qualquer coisa → continua a desenhar sem
intenção representativa
Mas...
- De tempos a tempos produzem-se de novo semelhanças acidentais →
criança espera vê-las reproduzir-se (ao menos por acaso)
Então...
- Compreende que os seus desenhos podem de um modo constante parecer
qualquer coisa
Por isso...
5. Criança aplica a cada desenho uma interpretação:
Determinada por:
• Semelhança do traçado (global ou apenas de
certas partes)
• Influência das circunstâncias exteriores
Interpretação muito hesitante
- Pode ver no desenho as semelhança com
qualquer objecto (ela está decidida a dar-lhe
uma interpretação)
- Ainda não foi desenhado com intenção
figurativa
6. A criança quer tornar mais semelhante a imagem que faz do objecto a que dá nome
5
2 momentos:
• semelhança fortuita, não produzida expressamente
(é muito rudimentar e a criança apercebe-se dessa
imperfeição)
• semelhança complementar voluntária
Ainda não possui faculdade gráfica (ainda não fez desenhos
precedidos e provocados pela intenção de representar um objecto
determinado)
No entanto...
- A semelhança fortuita também é obra sua → criança acredita que será capaz de
produzir voluntariamente tanto a 1ª como a 2ª → tenta...
- êxito da tentativa é favorecido pelas circunstâncias → “automatismo gráfico
imediato”
7. aquisição da faculdade gráfica total (mesmo com desenhos muito toscos)

• intenção
• execução correspondente à intenção
• interpretação correspondente à intenção
☺ torna-se igual aos mais velhos e vangloria-se disso → anuncia o
desenho que vai fazer antes de o executar ☺
a idade média de aparecimento do 1º desenho intencional é
2,5 – 3,5 A
NOTA:
• esta evolução é contínua
• cada momento da evolução liberta-se
do precedente por um processo quase
invisível e prolonga-se nos seguintes
atenuando-se gradualmente
O REALISMO FORTUITO TRANSFORMA-SE NO REALISMO SEGUINTE POR UMA SÉRIE
DE TRANSFORMAÇÕES
Comentário [D4]: involuntária
Comentário [D5]: ao desenhar
um objecto premeditado,
normalmente a criança acaba por
desenhar o mesmo objecto que
acaba de representar sem ser
expressamente ao
6
SEGUNDA FASE: O REALISMO FALHADO
• o desenho quer ser realista mas não chega a sê-lo
OBSTÁCULOS:
• De ordem física: a criança não sabe ainda dirigir e limitar os seus movimentos
gráficos de modo a dar ao seu traçado o aspecto que queria
• De ordem psíquica: atenção infantil é limitada e descontínua
􀀼 nos primeiros desenhos só reproduz um número
muito restrito de pormenores/ elementos do objecto
representado
􀀼 desenhos incompreensíveis
􀀼 cheios de defeitos
É que...
• A criança tem intenção de representar todos os elementos em que pensa
• Pensa numa certa ordem que corresponde ao grau de importância que lhes
atribui
• Continua a acrescentar tanto quanto a sua atenção suporta
enfraquece depressa, já que se aplica simultaneamente a um duplo fim:
- pensar no que é preciso representar
- cuidar dos movimentos gráficos através dos quais se representa
No momento em que a atenção enfraquece, está terminado o desenho para a
criança (por muito incompleto que esteja para o adulto)
- Ao pensar num pormenor só pensa pô-lo no seu desenho (está hipnotizada por esse
pormenor) ↔ esquece os que já traçou
- Na representação sucessiva e descontinua que tem dos elementos as relações entre
eles escapam-lhe: conhece-as mas não pensa nelas
• adulto poderá concluir relações
falsas onde não as há.
7
característica essencial desta fase
INCAPACIDADE SINTÉTICA: imperfeição geral do desenho
MANIFESTAÇÕES:
1. Negligência das relações gerais/ proporções:
- as dimensões relativas dos diversos elementos não têm nenhuma
correspondência com as relações dos mesmos pormenores na realidade
- razões:
• imperfeição gráfica
• impotência para interromper os traços no momento desejado
• espaço disponível do papel faz encurtar certos traços por falta de espaço
• alonga os traços por “horror ao vazio”
• exagero das dimensões é, por vezes, a tradução inconsciente da
importância que a criança lhe dá
• cada elemento é desenhado por ele mesmo: no momento em que o
executa a criança não pensa mais nos que já traçou
nas relações de situação...
2. Negligência das relações de tangência:
- Elementos que na realidade são tangentes aparecem representados disjuntos
3. Negligência das relações de inclusão
4. Negligência das relações topográficas (relações mais especiais entre os elementos
de um mesmo objecto)
5. Negligência da orientação
- Certos pormenores recebem uma orientação diferente da do resto, sem que a
criança se choque com isso
A incapacidade sintética da criança atenua-se gradualmente na medida em que a
atenção da criança se torna menos descontínua: pensar no pormenor que desenha e ao
mesmo tempo nos que já estão representados – sentir e fazer as suas relações
NOTA:
as gradações são quase insensíveis e há
períodos de estagnação e mesmo
regressão
Comentário [D6]: : cabelos
mais compridos que as pernas;
moinho de café 3x maior que a
criança
Comentário [D7]: : guarda
chuva ao lado do corpo; cachimbo
fora da boca
Comentário [D8]: : olhos fora
da cara; botões fora do corpo;
porta e janela fora da casa
Comentário [D9]: : dedos não
estão na ponta do braço, mas ao
longo do braço tipo ramo de
folhas; para representar pessoas
sentadas numa cadeira, desenha-as
de pé em sobreposição com a
cadeira: o assento atravessa-lhe o
rosto
Comentário [D10]: : bonecos
dentro de uma casa de cabeça para
baixo; ponta do telhado virada para
o chão
8
TERCEIRA FASE: O REALISMO INTELECTUAL
Pode acontecer...
♣ elementos concretos invisíveis
♣ reprodução dos elementos abstractos que só existem no espírito do observador
♣ Os bonecos têm certas partes do rosto que na realidade não são separadas, limitadas
por um contorno
♣ Preocupação com as legendas: a criança utiliza-as também para desenhos cuja
interpretação é perfeitamente compreensível
Razões para a sua utilização:
• Vê-as nos livros de estudo, outras imagens
• O nome do objecto é para a criança uma das suas características essenciais,
devendo fazer parte do desenho
• Nesta fase há o emprego de PROCESSOS variados:
• A criança inventa espontaneamente os seus processos
• A escolha que faz de um ou outro é orientada pelo princípio do realismo
intelectual:
􀂷pôr em evidência o maior número (senão a totalidade) dos
elementos essenciais do objecto representado, deixando a cada um
a sua forma característica
1. Destacamento
• destacar um do outro os pormenores de um desenho que na realidade se
confundem e se ocultam (+/-) 􀂰 estabelecer entre eles uma descontinuidade (por
vezes difícil de distinguir da resultante da incapacidade sintética)
2. Transparência
• evidencia os elementos invisíveis de um objecto 􀂰 representando-os como se
aqueles que os ocultam se tornassem transparentes, permitindo vê-los
3. Planificação
• Representar o objecto em projecção no solo, como se fosse visto em linha recta
• O objecto é representado de um ponto de vista desusado mas possível (e em
certos casos mesmo real)
4. Rebatimento
• Aplicado sobretudo aos “suportes dos objectos” (pés de animais, rodas)
• Rebatê-los de cada lado do corpo como se lhe estivessem unidos por um eixo, à
volta do qual se poderia fazê -los girar
☺ Mudança do ponto de vista 􀂰 processo constante em que a criança recorre
a todos os processos simultaneamente no mesmo desenho
Comentário [D11]: fios de
cabelo desenhados
individualmente; chapéu tangente
ou no ar à cabeça; rodas do
combóio não tocam nos carris
Comentário [D12]: vêem-se
dedos no interior dos sapatos; vêse
a cabeça debaixo do chapéu;
vêem-se moveis e pessoas dentro
de uma casa
Comentário [D13]: quando os
objectos são vistos de cima
Comentário [D14]: espalma-se
o objecto e vê-se de cima
Comentário [D15]: ver figuras
das paginas 172, 173, 174, 175,
176, 177, 178
9
• Extensão da exemplaridade
􀁗
• depois de ter representado o conjunto de um objecto do ponto de vista em que
oferece o aspecto mais característico e faz sobressair o maior número dos seus
elementos essenciais...
• a criança escolhe o ponto de vista que apresenta a sua forma exemplar, para
desenhar cada um dos outros pormenores
exemplos...
• combinação do rebatimento com o plano
• na representação dos seres vivos
nesta fase há então a combinação de ...
• intenção realista
• sentido sintético (à primeira vista ausente) 􀂰 se em vez de se ditar leis à criança
desenhadora, se procurar compreender a razão das que são impostas por ela a si
mesma, compreende-se que elas correspondem a uma atitude sintética
􀂤 visam reunir num único desenho os elementos que são igualmente reunidos no
objecto que representa.
10
QUARTA FASE: REALISMO VISUAL
Característico do desenho adulto
no realismo intelectual, há a tradução...
relação
• cada um dos seus elementos
• objecto considerado no seu conjunto (como suporte comum)
(traz ao desenho contradições com experiência)
mas o desenho plenamente realista, traduz...
relações mudam segundo o ponto de vista
• cada um dos seus elementos
• todos os outros
☺ experiências repetidas 􀂰 verificação da insuficiência do realismo intelectual
􀂰 condenado como modo de representação gráfica
as declarações verbais da criança
confirmam a opção pelo realismo visual
intelectual 􀂰 visual: substituição dá-se entre os 8- 9 anos
􀁗
diferenças individuais
☺ desaparecimento gradual dos processos do realismo intelectual
transparência 􀂰opacidade
rebatimento/ mudança do ponto de vista 􀂰perspectiva
☺ provoca o abandono da exemplaridade
☺ luta contra os hábitos contrários profundamente enraizados:
• o realismo intelectual reaparece em desenhos posteriores a outros em que se
manifesta o realismo visual
11
• num mesmo desenho há partes de um e partes de outro
• desenhos em que o realismo intelectual é eliminado, mas o realismo visual não é
conseguido e há aplicação de uma perspectiva falsa
a que é aplicada nesta altura
♣ só pode ser conseguida através de recordações visuais, por
vezes longínquas de objectos representados ou análogos,
que não conseguem imediatamente uma síntese coerente
observa-se isto:
• desenhos de casas
• representação do telhado
☺ os erros de perspectiva só são corrigidos pela prática do desenho natural
• nas pessoas sem cultura gráfica especial, persistem para além da idade
infantil
• alguns adultos não ultrapassam o realismo intelectual
o fim da evolução do desenho é marcado pela renúncia ao
realismo intelectual, pelo firme propósito de se conformar com a
representação da aparência visual
(ainda que haja obstáculos para a realização plena desta intenção)
Comentário [D16]: desenho
de casa com 3 lados
12
ABORDAGEM DE WIDLOCHER (1965)
Este desenvolvimento vai ser paralelo ao cognitivo, motor, perceptivo
☺ Início da expressão gráfica – antes de 1 A
- Manchas e traços
- Agua e materiais pastosos (areia, iogurte)
- Basta ter objecto marcador e objecto que o receba
- Prazer
- Relação causa- efeito (de causalidade) entre o seu gesto e o traço (resultado
produzido)
- Os adultos podem inibir: ”só estas a fazer porcaria”
• Fase da garatuja 􀂥realismo fortuito (Luquet)– 1-4 A
- Controlo progressivo da actividade motora
- Ela risca e fura por prazer
- Não tem intenção representativa
- 1º momento – 1 - 1,5/ 2 A
- 1º gesto gráfico é oscilante 􀂥 movimentos de flexão – inflexão
- deixa que o movimento se prolongue
- movimento de retorno dá-se quando a posição do braço se torna incómoda ou se
chega ao limite do papel (por vezes ultrapassado)
- a criança não controla o ponto de partida nem o ponto de chegada
- 2º momento - 2 – 3/4 A
- novas aquisições:
1. traço vertical (1º) e traço horizontal (2º)
2. controlo do polegar
3. controlo do ponto de partida (1º) e do ponto de chegada
4. substituição das grandes linhas e ovóides por traços mais pequenos
5. retorno ao ponto de partida
6. controlo da velocidade de gesto
7. limitação da amplitude do gesto
- 1º controlo olho – mão/ controlo simples/ controlo do ponto de partida – 3º A
• olho não segue a mão mas guia-a
• o olho indica o ponto de partida
- 2º controlo olho – mão/ controlo do ponto de partida e do ponto de chegada
• traço é guiado de um determinado ponto para outro determinado ponto
☺ Começo da intenção representativa – 3/ 4 A
13
- Biologicamente preparada para o desenho figurativo/ representativo
- Aparecimento brusco
- +/- precoce
- “garatuja com nome”
- está ligada às disposições subjectivas não a dados objectivos da forma
- aprendizagem progressiva de imagens cada vez mais complexas
- a criança vai corrigir o desenho para torna-lo mais semelhante ao objecto
- vai Ter “intencionalidade figurativa”
• Fase do realismo infantil ou intelectual – 4 – 7/8 A
- Desenha o modelo interno do objecto (o que a criança tem na cabeça) e não o que
vê/ percepção
- Preocupação principal: dar significado à realidade externa
• Procedimentos (contrariam o realismo perceptivo/ visual)
• Transparência
• Rebatimento
• Planificação
• Mudança de ponto de vista
• Detalhe exemplar
- A visão da criança é subjectiva e egocêntrica
- A atenção e limitada e descontínua
• Fase do realismo visual – 7/9 – 12 A
- Correcção gradual dos erros das fase anterior
- Submissão à perspectiva que se tem do objecto
- Evolução da atenção
- Aos 9/10 A é evidente a necessidade da criança ser realista e precisa
Evolução de desenho infantil
LUQUET WIDLOCHER
INICIO DA EXPRESSÃO
GRAFICA
Até 1 A
REALISMO FORTUITO FASE DA GARATUJA 1 – 2A
REALISMO FALHADO 1º MOMENTO 1 – 1,5/ 2 A
2º MOMENTO 2 – 3/ 4 A
COMEÇO DA INTENÇÃO
REPRESENTATIVA
3/ 4 A
REALISMO
INTELECTUAL
FASE DO REALISMO
INTELECTUAL OU
INFANTIL
4 – 7/ 8 A
REALISMO VISUAL FASE DO REALISMO
VISUAL
7/ 9 – 12 A
Comentário [D17]: fui eu que
inventei este nome para mostrar
que em termos de perfeição nesta
fase o desenho não se distingue da
garatuja. A diferença é que agora a
criança chama-lhe “cão” ou “pato”
Comentário [D18]: percebe
que todas as mesas são “mesas”,
começa a perceber para que é que
serve

A CRIANÇA E O DESENHO INFANTIL A sensibilidade do educador mediante uma produção artística infantil

A CRIANÇA E O DESENHO INFANTIL A sensibilidade do educador mediante uma produção artística infantil
Por:Ema Roseli de NovaesLygia Helena Roussenq NevesCurso de Especialização em Educação InfantilResumoÉ primordial, para quem atua na área da Educação Infantil, a compreensão e o conhecimento das fases do desenho infantil e suarelação com a evolução do desenvolvimento humano. Da mesma forma, é importante saber que o desenho é a manifestação denecessidades vitais pelas quais a criança terá que passar, ou seja, conhecer e agir sobre o mundo e comunicar-se com este mundo.O objetivo deste trabalho é refletir sobre a importância do educador nessas etapas de desenvolvimento da criança. É compreender,ainda, que a observação é um dos meios que o educador poderá utilizar na construção desse aprendizado para fazer desabrocharna criança um olhar sensível e pensante. Para isso, ele não poderá agir apenas como facilitador desse processo. Permeandoinformações de natureza mais teórica, o educador poderá estar desafiando e incentivando, ampliando as experiências, o conhecimentoe aprimorando a capacidade de criação e de expressão artística da criança.1. INTRODUÇÃOO nosso planeta Terra passou e vem passando por transformações.A história do ser humano é feita de desenvolvimentose evoluções. Tudo no mundo tem seu tempo e sua hora. O desenhotambém passa por fases e evoluções.Ao desenhar, a criança conta sua história, seus pensamentos,suas fantasias, seus medos, suas alegrias, suas tristezas.No ato de desenhar, a criança age e interage com o meio, seucorpo inteiro se envolve na ação, traduzida em marcas que a mesmaproduz, se transportando para o desenho, modificando e semodificando. Através do desenho, conta o que de melhor lheaconteceu, demonstrando, relembrando e dominando a situação.Por alguns instantes, tem momentos muito agradáveis e proveitosos,expressando sua percepção de mundo.Cada desenho tem uma história, um significado pessoalque, muitas vezes, o adulto interpreta de modo diferente. Devemoslembrar que a visão da criança é diferente da visão do adulto.O adulto, quando conduz ou interpreta uma produção infantil deforma errônea, a vai inibindo até que perca sua capacidade decriação.Mas se o valor do desenho é tão perceptível, se está ligadoàs necessidades e potencialidades da criança, se há uma interrelaçãonos vários aspectos do seu desenvolvimento - o motor, oafetivo e cognitivo - então, por que o educador está sempre tentandodecodificar o desenho infantil? O que pensa o educador aover a produção artística de uma criança? Como entender o desenhoinfantil, se o educador não possui informações teóricas? Comopreparar esses educadores para que se tornem mais sensíveis ecuriosos em relação ao desenho infantil?Este trabalho pretende trazer alguns subsídios que permitamao educador tornar-se mais sensível e curioso perante umaprodução artística infantil, evitando, assim, “diagnosticar” a criançasatravés do seu desenho.Refletindo sobre as informações acima questionadas, partiremospara uma análise da evolução do desenho infantil, atravésde pesquisas bibliográficas e de comparações da visão de váriosestudiosos sobre o assunto. Pretendemos, assim, conscientizar oprofessor de Educação Infantil sobre a importância de estar fundamentadopara entender como se dá o processo do desenvolvimentoinfantil, na faixa etária de 0 a 06 anos de idade, fase queacreditamos ser uma das mais importantes do desenvolvimentohumano.2. O DESENHO INFANTILO desenho, para a criança, é uma continuidade entre oobjeto e a representação gráfica. A criança representa o objeto emsi, ou seja, a sua criação é diferente da criação do adulto. Elaliberta-se das aparências e, ao mesmo tempo, pode representar oobjeto como ele é realmente, enquanto o adulto só o representapor um único ponto de vista. Segundo Luquet, (apud MERLEAUPONTY,1990, p.130), “ o desenho é uma íntima ligação do psíquicoe do moral. A intenção de desenhar tal objeto não é senão oprolongamento e a manifestação da sua representação mental; oobjeto representado é o que, neste momento, ocupará no espíritodo desenhador um lugar exclusivo ou preponderante.”Para a criança, o desenho é uma expressão de mundo enunca uma simples imitação ou cópia fiel porque a criança desenhaconforme o modelo interior, a representação mental que possuido objeto a ser desenhado. O desenvolvimento infantil é comoum jogo, visto que a criança se desenvolve e se modifica conformea faixa etária. O mesmo acontece com o desenho: vai evoluindoe se modificando com o desenvolvimento da criança.Em seus estudos, Merleau-Ponty (1990) nos apresenta osvários estágios do desenho infantil:• Realismo fortuito – a criança procura representar o objetocomo uma totalidade.Subdivide-se em:a) Desenho involuntário – a criança desenha só para fazerlinhas, sendo que, nesse estágio, repete o movimentopelo simples prazer eb) Desenho voluntário –a criança percebe certa semelhançaentre os traços e o objeto real. Ela enuncia a interpretaçãoque o desenho lhe dá. Mais tarde, diz o quepretende desenhar, mas o resultado a faz interpretarseu desenho de forma diferente. Em outra situação, odesenho, afinal, corresponde com a sua interpretaçãoinicial. Então, percebe que pode representar, atravésdo desenho, tudo o que deseja.• Incapacidade sintética – a criança desenha cada objetode forma diferente, considerando seu ponto de vista paradiferenciá-los. Pode desenhar uma figura humana, masdesenhar os olhos, a boca e os cabelos ao lado do corpocomo se não fizessem parte dele.• Realismo intelectual – a criança procura desenhar nãosó o que pode ver no objeto, mas todas as suas fases.Desenha de acordo com sua noção momentânea dosobjetos.• Realismo visual – a criança representa apenas os aspectosvisíveis do objeto. Há um aprimoramento de sistemade desenho construído no estágio anterior.A criança, ao desenhar, tem uma intenção realista. O realismoevolui nas diferentes fases do desenho infantil até chegar aorealismo visual, que é o realismo do adulto. Para o adulto, o desenhotem que ser idêntico ao objeto. Já para a criança, o desenho,para ser parecido com o objeto, deve conter todos os elementosreais do objeto, mesmo invisíveis para os outros. Assim, a criançadesenha de acordo com um modelo interno: a imagem que sabe doobjeto que vê.2.1. O DESENHO INFANTIL SEGUNDO LOWENFELDQuanto mais auto-confiante a criança, mais ela se arrisca acriar e a se envolver com o que faz. A criança segura se concentracom mais facilidade nas atividades. Consegue se soltar e acreditarno que faz. De acordo com Streinberg ( apud LOWENFELD, 1977,p.128),Aprender a desenhar, desenhando. Embora essa afirmação possaparecer destituída de significado, ela é muito verdadeira: a ação dedesenhar é que é a escola do desenho. O mesmo vale para as outrasatividades artísticas: aprende-se a pintar, pintando; aprende-se aesculpir, esculpindo: aprende-se a escrever, escrevendo, e assim pordiante.Nenhum treino ou exercício de coordenação motora farácom que a criança expresse sua criatividade. Uma criança seguratem maior capacidade de envolvimento, de concentração e deprazer em criar. É importante a ela sentir-se livre para poder expressar-se em seus desenhos. Assim, a criança se desenvolve emharmonia e se organiza no contexto espaço/temporal, seposicionando frente à vida, descobrindo o significado que a vidatem para si e percebendo-se como criadora de sua própria história.Lowenfld (1977) estabelece três fases para o desenho infantil.2.1.1. PRIMEIRA FASEA primeira fase divide-se em três etapas: etapa da garatujadesordenada, etapa da garatuja ordenada e etapa da garatuja nomeada.Na fase da garatuja desordenada, a criança não tem consciênciada relação traço-gesto; muitas vezes, nem olha para o quefaz. Seu prazer é explorar o material, riscando tudo o que vê pelafrente. Segura o lápis de várias formas, com as duas mãos oualternando. Não usa o dedo ou o pulso para controlar o lápis. Fazmovimentos de vaivém, vertical ou horizontal; muitas vezes, ocorpo acompanha o movimento.Na fase da garatuja ordenada, a criança descobre a relaçãodo gesto-traço. Passa a olhar o que faz, começa a controlar otamanho, a forma e a localização do desenho no papel. Descobreque pode variar as cores. Começa a fechar suas figuras em formascirculares ou espiraladas. Perto dos três anos, começa a segurar olápis como o adulto. Copia intencionalmente um círculo, mas nãoum quadrado.Na etapa da garatuja nomeada, a criança faz passagem domovimento sinestésico, motor, ao imaginário, ou seja, representao objeto concreto através de uma imagem gráfica. Distribui melhoros traços no papel. Anuncia o que vai fazer, descreve o quefez, relaciona o desenho com o que vê ou viu, sendo que o significadodo seu desenho só é inteligível para ela mesma. Começa adar forma à figura humana.2.1.2. SEGUNDA FASENa segunda fase - a pré-esquemática -, os movimentoscirculares e longitudinais da etapa anterior evoluem para formasreconhecíveis, passando de conjunto indefinido de linhas parauma configuração representativa definida. A criança desenha oque sabe do objeto e não uma representação visual absoluta;seus desenhos apresentam características, não porque possuamuma forma de representação inata, mas sim porque está no começode um processo mental ordenado.2.1.3. TERCEIRA FASENa terceira fase, chamada esquemática, a consciência daanalogia entre a forma desenhada e o objeto representado se afirma.Nessa fase, a representação gráfica é muito mais tardia que alúdica verbal, enquanto a brincadeira simbólica e a linguagem jáestão bem formadas. A criança já constrói grandes cenas dramáticasbrincando, mas só nessa fase começa a organizar seus desenhos.A representação das figuras humanas evolui emcomplexibilidade e organização.De acordo com a abordagem construtivista, o conhecimento nãoestá pré-formado no sujeito, nem está totalmente pronto, acabado,determinado pelo meio exterior, independente da organização doindivíduo. A aquisição de conhecimento processa-se na troca, nainteração da criança com o objeto a conhecer. Em outras palavras,o ato de conhecer parte da ação do sujeito sobre o objeto, só seefetua com a estruturação que ele faz dessa experiência. Isso significaque o conhecimento é adquirido não pelo simples contado dacriança com o objeto cognoscente, mas pela atividade do sujeitosobre esse objeto, a partir do que ele aprende, do que ele retira, doque organiza da experiência (PIAGET, 1976, p.47).2.2. O DESENVOLVIMENTO DO DESENHOINFANTIL SEGUNDO MIRIAN C. MARTINS,GISA PICOSQUE E MARIA T.T. GUERRAAs autoras estão fundamentadas na teoria das múltiplasinteligências formulada pelo pesquisador norte-americano HowardGardner, psicólogo da universidade de Harward. Na visão deMartins; Picosque; Guerra (1998), o desenvolvimento do desenhoinfantil, divide-se em quatro movimentos. Para as autorasmencionadas, esses movimentos não são estágios, não delimitamterritório de maneira precisa, definida. São movimentos que mantêmsua essência, sendo maleáveis e modificando-se mediante asintervenções externas, ou seja, pelo meio sócio-cultural, pela famíliae pelo educador.Há necessidade de que haja uma compreensão dessesquatro movimentos e de tudo que os envolvem porque cada umtem sua beleza e significação. Estudá-los é estar se fundamentandopara poder fazer uma boa leitura da expressão artística da criança.2.2.1. O PRIMEIRO MOVIMENTOAção = Pesquisa = ExercícioA criança olha, cheira, toca, se move, experimenta, sente,pensa. Desenha, canta, sorri, chora; faz tudo usando todo o corpo.O corpo é a ação, é o movimento. Seu movimento se dá naação, na percepção, envolvido sempre pelo sentimento. A criançasente, reconhece e cria, mas ainda não é um criador intencional;essa criação focaliza a própria ação, o exercício, a repetição. Ela searrisca porque não tem medo, está aberta a todas as experiências,vive intensamente. Com a influência dos objetos e das pessoas,ela fará sua leitura e constituirá sua compreensão de mundo.O rabiscar se estende além do lápis, do giz e do pincel. Na areia elarabisca estradas com os carrinhos de brinquedo. O rabisco não temnenhuma finalidade estética, enquanto produto: a criança não rabiscacom intenção de fazer bonito ou expressivo, mas pelo simplesprazer de rabiscar. O rabisco é, de fato, o registro de um movimento,que serve de ‘feedback’ para a criança aprender a controlar seusmovimentos. Portanto, os rabiscos da criança não são artes abstratas( ZILBERMENN, 1990, p.156).Seu pensamento em ação, sua pesquisa, é exercitada atravésdo exercício gestual que se manifesta em garatujas que, nessemomento, não têm significado simbólico. Esses rabiscos, de início,são incontrolados e, geralmente, longitudinais. Dos rabiscosnascem formas circulares, triangulares, quadrangulares, irregulares.Esses diagramas vão combinando, se agregando, compondose.As formas vão se tornando cada vez mais complexas.Gardner (apud MARTINS; PICOSQUE; GUERRA, 1998), oautor da teoria das inteligências múltiplas, vê, no primeiro movimento,uma forma de conhecimento intuitivo, construída a partirda interação com o objeto físico e com outras pessoas, adquiridoatravés do sistema de percepções sensoriais e interações motoras,estimuladas pelo mundo externo, mesmo em crianças com dificuldadesou limitações físicas.2.2.2. SEGUNDO MOVIMENTOAção = Pesquisa = Exercício = Interação = Símbolo =Esse segundo movimento vai se estruturando enquantose descola de aspectos do primeiro. As mudanças vão ocorrendo,na descoberta cada vez mais confirmada de que tudo que está nomundo tem nome, tem significado, tem um porquê.A criança dá nome aos seus rabiscos, ao perceber que eles se perecemcom alguma coisa. Esta é uma etapa intermediária, para umafase posterior, a criança começa a representar. A representação“representa” algo para a criança, mas não tem intenções naturalistas.Isso dá muitas vezes, aos adultos a impressão que não ficouparecido. Muitas vezes aparecem no papel coisas que, aparentemente,não tem nada a ver entre si, ou as partes das mesmas coisaspodem aparecer separadas, soltas no espaço. Organizar as coisas noespaço é um processo demorado, que depende do próprio desenvolvimentoda criança e não pode ser imposto de fora para dentro(ZILBERMANN, 1990, p.157).O ser humano tem por natureza buscar significações daprópria vida, e isso nasce dessas primeiras descobertas. Não apenasregistramos os estímulos externos, mas pensamos para agirsobre eles.O segundo movimento expressivo é denominado simbólico.A função simbólica é o centro do processo de aprendizagem,representa os objetos, as ações sobre eles; também representaseus conceitos.São representações sobre representações. Fingir beber emuma xícara vazia, por exemplo, representa um significado e temuma função lúdica e comunicativa, implicando uma conversa interna,tornada possível pela interiorização da ação expressada,pelas representações verbais, visuais, gestuais, sonoras.No desenho, essa passagem se dá lentamente. Dos rabiscose das pesquisas de formas nascem as primeiras tentativas deletras – diferenciando escrita de desenho – e as primeiras figurashumanas. A representação centra-se no manejar e construir símbolosem si. Não há preocupação com a organização das cenas nopapel; seus desenhos parecem soltos no espaço.Os símbolos construídos pelas crianças através do ver,pensar e sentir o mundo, são pautados nas suas referências pessoaise culturais, nos registros de suas preferências e prioridades,nas características estruturais globais que enfatizam ou excluem.2.2.3. O TERCEIRO MOVIMENTOAção = Pesquisa = Exercício = Interação = Símbolo = Organização= Regra =Chamada a idade de ouro do desenho, a fase em que acriança vive e elabora soluções criativas para expressar o espaço,a sobreposição, o que tem por baixo ou por trás das coisas, criando uma lógica e uma coerência perfeitamente adequadas aos seusintentos. A criança tem a intenção de buscar semelhanças emsuas representações, procurando convenções e regras com certaexigência. A criança vive intensamente a leitura e a produção significativado mundo. Há uma realidade que está presente no própriodesenho, que ganha uma vida interna, reflexos de percepções,sentimentos e pensamentos.Organizar as coisas no espaço significa localizar em cima, ao lado decá e ao lado de lá (que depois a criança vai nomear de esquerdo edireito). A criança mostra que é capaz de organização, representandoa linha da terra, o chão (...) Outro limite de espaço que ascrianças costumam representar é o céu, que aparece como se fosseum teto e não uma massa de ar. Nesta fase em que as criançascomeçam a representar, ela vai também começar suas primeirasconstruções: uma madeira e um prego formam um rádio (...)(ZILBERMANN, 1990, p.157)O aparecimento do chão representa um avanço considerávelna compreensão desse conceito, tendo concreta e profundarelação em suas interações com o mundo, as pessoas e os objetos.A busca pela representação mais realista muitas vezes traz omedo, a preocupação em fazer bem feito, levando a criança a usara borracha. A escolha da cor também obedece à regra e à organização.As escolhas devem ter a cor da realidade, e as convençõesditam essas regras. As copas das árvores são sempre verdes ouo céu sempre azul.O terceiro movimento expressivo nos mostra a invençãode relações e regras que geram critérios próprios, na busca desoluções criativas que vão alimentando um pensamento criadocom maior autonomia. Quem não produz e inventa idéias, dificilmenteconsegue encontrar soluções criativas para resolver asdificuldades do cotidiano.2.2.4. O QUARTO MOVIMENTOAção = Pesquisa = Exercício = Interação = Símbolo = Organização= Regra = Poética = PessoalDuas marcas são representativas na adolescência: o problemade identidade e a gênese do pensamento formal. Quem soueu? Para onde vou? Que profissional quero ser? São as questõesbásicas do adolescente que vive a construção de sua própriaidentidade.Na produção artística–estética, contracenam, em oposiçãoou em alternância, o prazer de manejar e explorar, a ótica pessoalde ver – pensar – sentir o mundo, a procura de um estilopessoal, mesclando estratégias pessoais com gramáticas culturais,construindo sua poética; ou o medo de se expor, a preferênciapela repetição de formas conquistadas, a busca de modelos, osentimento de incompetência, a obediência ou abandono de tarefassem significado.2.3. DESENVOLVIMENTO INFANTIL EETAPAS EVOLUTIVAS DO DESENHOPartindo da pesquisa bibliográfica sobre o desenho infantil,podemos observar que, embora a abordagem e a nomenclaturausada variem, não existem divergências profundas entre os autoresmencionados anteriormente no que diz respeito à expressãográfica da criança.O desenho infantil é composto por fases, etapas, estágios,movimentos, qualquer que seja a nomenclatura usada para definirque o desenho evolui conforme o próprio crescimento da criança,dentro do seu processo de desenvolvimento como ser humano.Ou seja, as garatujas ou os rabiscos aparecem na fase sensóriomotora,etapa da teoria do desenvolvimento humano desenvolvidapelo estudioso Jean Piaget, onde a criança explora materiais emovimentos, não na fase pré-operatória, onde a criança começa aconstruir e a representar. Segundo Fischer, (2003,p.15),A cada novo mundo criado, também são criados obstáculos específicosque precisam ser resolvidos e vivenciados, e a diversão dessesmundos está exatamente em resolvê-los superando as expectativase as ansiedades criadas. Nestes mundos as crianças podem se dar aoluxo de errar para avaliar o resultado, sem medo de punição queagregue sofrimento.Essas etapas do desenvolvimento infantil devem servivenciadas pelas crianças, fase a fase, senão pode haver umalacuna no desenvolvimento que, mais tarde, precisará ser trabalhada.Devemos sempre lembrar que a criança é um ser em desenvolvimentocomo nós, adultos, também o somos, e viver é estar setransformando.2.4. A IMPORTÂNCIA DO PROFESSOR NESSE PROCESSOO conhecimento das etapas evolutivas do desenho infantilfornece ao educador mais um instrumento para compreender ascrianças. Somando esse conhecimento à análise constante dosseus trabalhos e considerando sempre o significado mais profundodo ato de desenhar como expressão de idéias e sentimentos, oeducador poderá orientar suas ações pedagógicas relacionadasàs atividades de desenho elaborando propostas de trabalho queincorporem as atividades artísticas, as quais não precisam serespontâneas das crianças. O fato de ser escolhida pelo educadornão tornará essa atividade expressiva. O desenho infantil poderáser colocado para a criança através de uma história bem contada,de um passeio, de algo ocorrido em sala, de brincadeira, de faz-deconta,de jogos, de cantigas, etc.A relação inusitada olho/cérebro/mão/instrumento/gesto/traçoredimensiona o ato de desenhar e o jogo é acrescido de novas regras.O olho conquista novos espaços, tentando por vezes dominar osgestos. Os olhos comandantes traz do trunfo do campo. A criançapassa a perceber os limites especiais do papel: o dentro e o fora, o eue o outro, o campo da representação e o campo da realidade. Odiscernimento do campo retangular do papel, onde tudo pode acontecer,inaugura a era do faz-de-conta. Inaugura-se o jogo. Desenharé atividade lúdica, reunindo como em todo o jogo, o aspectooperacional e o imaginário. Todo o ato de brincar reúne esses doisaspectos que sadiamente se correspondem. A operacionalidade envolveo funcionamento físico, temporal, espacial, as regras; o imaginárioenvolve o projetar, o pensar, o idealizar, o imaginar situações.Ao desenhar, o espaço de papel se altera. (DERDYK, 1989,p.71).O que faz com que a criança se expresse criativamente é aliberdade física e mental. Por esse motivo, é muito importante queo conteúdo seja acessível e significativo, que seja proposto deforma que a criança expresse seus pensamentos livremente, tendo a autonomia necessária para criar.Segundo Pillar (1996), ao observar o desenho de uma criança,podemos aprender muito sobre o seu modo de pensar esobre as habilidades que possui. Quando, em um desenho, osbraços de uma figura humana saem da cabeça e não do tronco,por exemplo, significa que a criança ainda não tem construídointeriormente, em seu pensamento, o esquema corporal de umafigura humana. Isso nada tem a ver com o fato de ela não estarenxergando direito, de estar com problemas de motricidade fina,ou ainda, de não estar apta a desenhar com destreza. Desenharfiguras humanas possibilita à criança estruturar suas idéias sobrea figura humana.No mesmo sentido, quando as crianças escrevem letras ealgarismos espalhados, representa o que têm construído sobre asrelações espaciais, se direita/esquerda ou em cima/embaixo. Nãoexiste “o todo” integrado em seu pensamento; o desenho ou aescrita refletirá a forma que ela tem de ver o mundo, e não aquelaque a maioria dos adultos considera correta.O papel do educador é muito importante nesse processo.Ele não é apenas um facilitador. É alguém que deverá desafiar,incentivar, procurar ampliar as experiências e os conhecimentosda criança. Com a criança pequena, o educador não necessitaráutilizar-se de técnicas muito elaboradas.É importante que a criança tenha oportunidade de desenharlivremente, em papéis e em tamanhos e texturas diferentes,em posições variadas, com materiais diversos. Quando a criançavai dominando seus movimentos e gestos, as propostas devemser diferentes: desenhar em vários tempos e ritmos, fazer passeiose expressar o que observou no papel, incentivar o desenho coletivo,desenhar as etapas percorridas após uma brincadeira oujogo e muitas outras podem ser feitas com a criança para ajudá-laa aprimorar suas capacidades de desenhar. Os educadores quevivem diariamente com essas crianças vão sendo também incentivadospor elas a criar, sempre e cada vez mais, novas atividades.Segundo Neves (2003),Criar brincando – esse o duplo verbo que traduz o dia-a-dia da infância.A maturação de si em borboleta, o pousar no sol, o estar além deestrelas. Em um único gole, sorve a água de todos os mares, maistrês cachoeiras, mais nove riachos. Em seu íntimo cessa toda equalquer guerra. Fala em idiomas incríveis, num linguajar que flui doespírito. A criança se guia pelo Deus que lhe habita, dentro. Podetudo o que adulto não pode (ou não se permite): ser criança, porexemplo.O educador deve entender que o desenho da criança dependerátambém do meio em que vive, se tem oportunidade de teracesso a materiais e atividades que permitam e incentivem a suaexpressão artística. Deve, também, respeitar o ritmo de cada criança,a maneira como sua obra está evoluindo, porque cada criançatem um tempo e uma maneira de internalizar suas experiências evivências.3. CONSIDERAÇÕES FINAISLevantadas questões nesta pesquisa, percebemos queexiste uma estreita relação entre as fases do desenho infantil e asetapas evolutivas do desenvolvimento humano.Buscando respostas ao analisar os vários autores citados,tomamos conhecimento de que há uma relação nas abordagensdas pesquisas realizadas, não existindo divergências profundasentre esses pensadores.Dessa forma, é importante mencionar que o conhecimentodas fases do desenho infantil deve contribuir para a construçãodo imaginário das crianças, sendo mais um recurso que o educadorpoderá utilizar para melhor compreendê-las. Somando conhecimento,análise e compreensão da produção infantil, o educadorperceberá o significado mais profundo do ato de criar, expressãodas idéias e dos sentimentos da criança.Considerando o prazer que a criança possa sentir com oseu gesto, além de estar construindo sua noção espacial e desenvolvendoem suas ações, habilidades motoras, através de todoesse processo, o educador poderá orientar suas ações pedagógicascom relevância, mérito e qualidade.4. REFERÊNCIASFISCHER, Julianne. O lúdico e a abstração. Curso de especializaçãoem Educação Infantil. 15p. Apostila. Indaial: ICGP, 2003.LOWENFELD, Viktor. A criança e sua arte. 2 ed. São Paulo: MestreJou, 1977.MARTINS, Mirian Celeste. PICOSQUE, Gisa; GUERRA, Maria T.Telles. A língua do mundo: Poetizar, fluir e conhecer arte. SãoPaulo: FTD, 1998.MERLEAU-PONTY, Maurice. Merleau-Ponty na Sorbone. Resumode cursos filosofia e linguagem. Campinas: Papirus, 1990.NEVES, Lygia Helena Roussenq. O impulso criativo da infância.Curso de especialização em Educação Infantil. Apostila. Indaial:ICGP, 2003.PIAGET, Jean. A equilibração das estruturas cognitivas. Rio deJaneiro: Zahar, 1976.PILLAR, Analise Dutra. Desenho & escrita como sistema de representação.Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.PILLAR, Analise Dutra. Desenho e construção do conhecimentona criança. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.ZILBERMANN, Regina (org.). A produção cultural para a criança.Porto Alegre: Mercado Aberto, 1990.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Encerramento da Educação Infantil 209

chucha
Quem precisa (mesmo) da chucha?

Texto: Patrícia Lamúrias
23 Outubro 2008
Os bebés não gostam da chucha. É difícil de acreditar que um bebé nasça a gostar de ter na boca um objecto de borracha, frio e pouco maleável.
No mundo perfeito dos bebés a mama da mãe estaria sempre disponível e os bebés seriam felizes a dobrar: teriam comida ‘a la carte’ e afecto à discrição. Mas, no mundo ideal dos adultos, as mães não podem ser apenas uma mama gigante. Resta aos recém-nascidos contentarem-se com uma imitação.
O reflexo da sucção é algo inato e muitos bebés já chucham no dedo dentro na barriga da mãe. Cá fora, basta tocar-lhes na boca ou na bochecha para que, imediatamente, se transformem em ‘peixinhos dentro de água’, abrindo e fechando a boca em movimentos contínuos. À falta de melhor, os recém-nascidos começam a levar os dedos à boca, uma acção que, de início, pode revelar-se complicada para quem mal controla os movimentos das mãos. Por isso, a maior parte dos bebés aceita de bom grado quando os pais lhe oferecem a chupeta. Finalmente têm algo para satisfazer o seu reflexo instintivo. Os pais respiram de alívio porque, finalmente, vêem o seu filho quieto e calado.
Outros bebés, mais determinados, recusam a chucha enquanto podem. Mas os pais, também obstinados, experimentam todas as formas e feitios até acabarem por convencer os seus filhos de que precisam mesmo da chupeta. Isso mesmo testemunha Elisabete Santos, enfermeira especialista em saúde materna e formadora em aleitamento materno no Hospital Garcia de Orta. «A primeira vez que se dá uma chupeta ao bebé, ele cospe-a imediatamente, porque é algo que não lhe pertence. Mas os pais insistem e acaba por vencer o mais forte.»
HOSPITAIS LIVRES DE CHUCHAS
Na maternidade do Garcia de Orta, tal como em todos os Hospitais Amigos dos Bebés, não entram chuchas. Esta é uma das medidas indicadas pela OMS/UNICEF para que se considere que um hospital tem uma prática de protecção do aleitamento materno. Segundo vários estudos, os bebés que começam a usar chupeta logo à nascença têm tendência para mamar menos. Isto acontece porque a chupeta e a mama exigem modos de sucção diferentes. Assim, se um bebé se habitua a chuchar na chupeta pode atrapalhar-se quando tem a mama na boca e, por isso, não conseguir retirar o leite. Por outro lado, um bebé que está sempre com a chupeta na boca está tão entretido que pede mama menos vezes.
Apesar de no Garcia de Orta não existirem chupetas, muitos pais chegam à maternidade apetrechados com vários modelos. «Se os pais trouxerem uma chupeta, dizemos-lhes os possíveis efeitos da sua introdução precoce. Mas não proibimos. Ensinamos, aconselhamos e orientamos. Os pais, depois, tomam as suas decisões», conta Elisabete Santos, explicando que a maior parte dos pais entende e aceita o conselho dos enfermeiros. Pelo menos enquanto estão na maternidade. Em casa, não haverá pai ou mãe que resista à tentação de oferecer uma chucha ao bebé, na esperança de o sossegar. «A chupeta tranquiliza o bebé e, por isso, serve de tranquilizante para os pais. Numa fase de iniciação é a forma mais fácil de acalmar o bebé. Mas deve ser utilizada como último recurso», afirma. No Garcia de Orta, os enfermeiros ensinam os pais a interpretar os diferentes tipos de choro do bebé – fome, colo, frio ou calor, etc. – e a agir conforme a situação. A chucha, obviamente, não está indicada para resolver nenhum tipo de choro.
«A chupeta deve ser reservada para o vértice da pirâmide», escreve o pediatra Mário Cordeiro n ‘«O Grande Livro do Bebé» (A Esfera dos Livros). «Se um bebé chora porque lhe falta alguma coisa é errado tentar adiar ou colmatar a resolução do problema através da chupeta. Só servirá para fazer do bebé uma pessoa frustrada e derrotista», critica, provocando os pais que insistem no consolo de borracha: «Idealmente as chuchas deveriam ter em conta o interesse e o bem-estar dos bebés e não as conveniências dos pais. Se calhar quem deveria até ter uma chupeta eram os pais!»
CHUCHA OU DEDO, A ETERNA QUESTÃO
Apesar de não ser contra a chupeta, Berry Brazelton, guru da pediatria, prefere a solução «chuchar no dedo», por ser mais prática, tanto para os pais como para o bebé. «Alguns bebés precisam mesmo da chucha para sossegar. São crianças que não conseguem ou não gostam de chuchar no dedo. Mas isso seria preferível, já que o dedo está sempre a jeito! Muitos bebés necessitam de algo que os ajude a relaxar. Quando conseguem esse auto-conforto, tornam-se mais fáceis de criar», escreve n’«O Grande Livro da Criança» (Editorial Presença). Esta alternativa, segundo o pediatra, acaba também por facilitar a vida aos pais, já que não têm de estar sempre com a preocupação de colocar a chupeta na boca do bebé (principalmente durante a noite), uma vez que ele aprende a auto-consolar-se. «O polegar está sempre disponível», sublinha.
Opinião diferente tem Rosa Gouveia, presidente da secção de Pediatria do Desenvolvimento da Sociedade Portuguesa de Pediatria: «Quando os bebés não têm chupeta, chucham no dedo, o que é prejudicial para o desenvolvimento dos seus maxilares, levando a uma má oclusão dentária. Para além disso, é mais fácil usar a chucha só para dormir e, mais tarde, deixar a chucha, do que deixar o dedo».
Num ponto todos os especialistas parecem estar de acordo: bebés constantemente de chupeta na boca, à semelhança da Maggie Simpson, só devem mesmo existir em desenhos-animados. «As chuchas destinam-se aos períodos em que o bebé tem necessidade de chuchar e não para servir como “rolha” para abafar o barulho do choro. Portanto, quando o bebé está bem, calmo e tranquilo, não se deve dar a chupeta ou, se ele a tiver na boca dever-se-á retirá-la. A chupeta deve ser, realmente, o último recurso», afirma Mário Cordeiro.
Para Rosa Gouveia, a chupeta pode ser útil para o bebé «dormir e adquirir autonomia relativamente ao sono e em situações de irritabilidade». No entanto, a pediatra lembra que, «embora tenha vantagem para o bebé, pelo papel calmante de sucção, a chupeta não substitui o papel dos pais».Mais crítica ainda, Elisabete Santos põe em causa a utilidade de algo que é «contra-natura» para o bebé. «Será mesmo que precisam da chucha?», questiona. E quando os pais lhe fazem a mesma pergunta, a resposta, em jeito de brincadeira, já está estudada: «Se os bebés precisassem mesmo de chucha, já nasciam com ela.» .
A favor:
. Reduz o risco de morte súbita. Vários estudos relacionaram o uso de chupeta para dormir com uma diminuição do risco de morte súbita nos bebés.. Acalma. A chucha acalma o bebé nas situações em que os pais não podem responder imediatamente.. Induz o sono. O movimento de sucção ajuda o bebé a adormecer mais rapidamente.
Contra:
. Favorece o aparecimento de otites. Estudos recentes demonstraram que as otites do ouvido médio são mais frequentes nos bebés que usam chupeta continuamente.. Pode atrasar o desenvolvimento da linguagem. Um bebé que está sempre com a chucha na boca vocaliza e palra menos. A partir dos 12 meses, se a criança continua a ter sempre a chupeta na boca, poderá ter mais dificuldade na aquisição da linguagem.. Provoca dependência. São bem conhecidos os dramas vividos por pais e crianças na altura de dizer adeus à chupeta.. Pode provocar deformação dentária. O risco aumenta se o hábito se prolongar para além dos 2 anos.. Interfere com a amamentação.
Truques para deixar a chupeta
. Tente que a criança comece a usar a chupeta apenas para adormecer, reduzindo aos poucos a dependência.. Comece a preparar psicologicamente a criança para o adeus à chucha. Diga-lhe que já está a ficar crescida e que, por isso, já não precisa. Evite frases do género: «Ainda usas chupeta, és mesmo bebé».. Use a chupeta como moeda de troca para aquele brinquedo que o seu filho lhe anda a pedir.. Aproveite as épocas festivas. O Natal ou a Páscoa são boas alturas para a criança se separar da chupeta, até porque andam mais entretidas com os preparativos da festa. Sugira-lhe que ofereça a chucha ao Pai Natal ou ao Coelho da Páscoa.. Quando nasce outro bebé na família, sugira-lhe que dê a chupeta a esse bebé.. Não deixe que mais ninguém, além dos pais, interfira no processo. Muita gente a dar palpites, só vai servir para a criança se sentir humilhada.. Como último recurso, há pais que, discretamente, fazem um furo na chucha, deixando-a mole e difícil de chuchar. Quando a criança se queixar, diga-lhe que a chupeta se ‘estragou’.. Não force. O adeus à chupeta é um processo natural e vai acontecer, mais tarde ou mais cedo.

Como escolher uma creche

Recolher impressões de outros pais é um bom ponto de partida para fazer uma lista de estabelecimentos a visitar. Se possível, leve o seu filho consigo. Conversar com a direcção e com a educadora que, em princípio, ficará com a criança, é fundamental. Caso lhe dificultem o acesso a diferentes espaços, exclua essa escola. É importante sentir-se confiante com a selecção da creche ou jardim-de-infância e assegurar-se de que as crianças passam o dia num ambiente saudável e equilibrado.Na creche
Para um melhor crescimento da criança, e a rotina diária não seja passada entre quatro paredes, a concepção de espaços diferenciados é fundamental. A creche, para crianças entre os 4 meses e os 3 anos, deve ter uma copa de leites e salas distintas, equipadas de acordo com a idade. O berçário, com o máximo de 8 bebés, inclui a sala de berços e a sala-parque. Duas salas de actividades são o mínimo exigível numa creche. Boas condições de higiene e de segurança, além de adequada iluminação e ventilação, são critérios a verificar e a não descurar.As instalações sanitárias da creche diferem das do jardim-de-infância, o que está associado à transição do bacio para a sanita. Alguns chuveiros de água quente e fria são essenciais.Para evitar choques entre crianças em fases distintas de desenvolvimento físico, o espaço exterior da creche diferencia-se do concebido para o jardim-de-infância. Em ambos, o equipamento (baloiços, escorregas, etc.), bem concebido e conservado, deve estar montado sobre areia ou gravilha fina, e não sobre cimento, ladrilho ou piso empedrado. A zona circundante pode ser de terra batida ou relva. Uma horta é um extra importante.
No jardim-de-infância
Cada sala, dividida por grupo etário (entre 3 e 6 anos), só pode ter entre 20 e 25 crianças. Caso haja um grupo homogéneo de 3 anos, só pode ter 15 crianças.Nesta idade, é também essencial que as opções ao nível do equipamento recreativo e pedagógico sejam bastante variadas, com boas condições de higiene e segurança.As casas de banho devem ter lavatórios e sanitas em número suficiente, papel higiénico, sabonete e toalhas ao alcance das crianças.Áreas comuns interioresNa falta de espaço exterior coberto, a sala polivalente pode substituí-lo, estando apta para várias actividades (ginástica, teatro, jogos, etc.). Por esse motivo, não necessita de muito equipamento. É também nesta sala que as crianças mais pequenas podem dormir a sesta.A sala de refeições é imprescindível. A cozinha, onde a higiene é crucial, deve estar bem equipada.

sábado, 31 de outubro de 2009